Seis profissionais buscam fragmentos de corpo celeste, diz governo. Equipe avalia estabilidade sísmica de edifícios na região de Cheliabinsk.
Uma equipe de mergulhadores vasculha neste sábado (16) o lago Shebarkul, na região de Cheliabinsk, na Rússia, atrás de fragmentos do meteoro que caiu nesta sexta-feira e, supostamente, teria atingido essa superfície de água congelada.
Uma rachadura na cobertura espessa de gelo levantou a suspeita de um possível impacto do corpo celeste na área.
De acordo com um porta-voz do Ministério de Situações de Emergência, em
entrevista a agências de notícias russas, um grupo de seis
mergulhadores inspecionará as águas em busca de fragmentos. Caso seja
encontrado algum pedaço do corpo celeste, poderá ser classificado de
meteorito.
Quando um corpo rochoso vem do espaço e entra na atmosfera, ele é
inicialmente chamado pelos astrônomos de meteoro. Caso atinja o solo, em
vez de se desfazer em atrito com a atmosfera, ele - ou seus fragmentos -
passam a ser classificados de "meteorito", conforme explica o astrônomo
Cássio Barbosa, colunista do G1.
Maior em 100 anos
A agência espacial americana Nasa divulgou informações capturadas por
uma rede de sensores que permitiu uma melhor avaliação do objeto que
cruzou o céu da Rússia. Segundo a instituição, o tamanho do meteoro era
de 17 metros e seu peso era de 10 mil toneladas antes de entrar na
atmosfera terrestre. Quando se desintegrou no céu, às 0h20 (horário de
Brasília) desta sexta-feira, devido ao atrito com o ar, foram liberados
500 kilotons de energia (ou seja, aproximadamente o equivalente à
detonação de 500 toneladas de TNT), segundo as estimativas.
Imagem divulgada pela Polícia da região de Cheliabinsk
neste sábado (16) mostra pequeno fragmento achado na
beira do lago Chebakul. O local é investigado já que,
supostamente, o meteoro teria caído em seu interior
(Foto: Divulgação/Departamento de Polícia de Cheliabinsk)
neste sábado (16) mostra pequeno fragmento achado na
beira do lago Chebakul. O local é investigado já que,
supostamente, o meteoro teria caído em seu interior
(Foto: Divulgação/Departamento de Polícia de Cheliabinsk)
O primeiro registro da entrada do meteoro na atmosfera terrestre foi
feito no Alasca, a mais de 6.500 km da região russa, onde houve os
estragos.
Os sensores de infrassom indicam que, desde o momento da entrada do
meteoro na atmosfera, até sua desintegração, se passaram 32,5 segundos.
"Poderíamos esperar que um evento dessa magnitude ocorresse a cada 100
anos, em média", avalia o cientista Paul Chodas, da Nasa, que encabeça
um programa da agência voltado para objetos espaciais próximos à Terra.
"Quando há uma bola de fogo desse tamanho, esperaríamos que um grande
número de meteoritos chegasse ao solo e, nesse caso, provavelmente deve
ter havido alguns grandes", avalia, em nota. O meteoro é o maior de que
se tem notícia a impactar nosso planeta desde 1908, quando outra rocha
vinda do espaço caiu em Tunguska, na Sibéria, inbforma a Nasa.
A agência americana voltou a reforçar que não há relação entre o meteoro que caiu na Rússia e o asteroide 2012 DA14, que passou perto da terra na tarde de sexta-feira (pelo horário de Brasília).
De acordo com o ministro russo de Situações de Emergência, Vladimir
Pushkov, uma equipe especial do governo foi enviada à região para
avaliar a estabilidade sísmica dos edifícios. Ele comentou ainda que
haverá cuidados ao religar o gás dessas edificações.
Pessoa observa buraco provocado nesta sexta-feira (15) por meteoro em lago congelado Shebarkul na Rússia (Foto: AP)
O governo de Cheliabinsk iniciou uma grande operação para consertar os
estragos provocados pelo fenômeno. Cerca de 20 mil pessoas foram
mobilizadas no país para participar da limpeza e também do atendimento
aos feridos, que ainda neste sábado permaneciam sob observação médica.
Último dado divulgado pelo Ministério do Interior russo aponta que ao
menos mil pessoas tiveram ferimentos devido aos estilhaços de vidro, que
se quebraram com a aparição da bola de fogo no céu. Deste total, 200
seriam crianças.
Montagem mostra queda de meteoro na Rússia
nesta sexta-feira (Foto: Reprodução)
nesta sexta-feira (Foto: Reprodução)
Sistema de defesa
Agências de notícias afirmam que autoridades da Rússia defenderam a
criação de um sistema conjunto de combate a asteroides. Alexei Pushkov,
chefe do Comitê de Assuntos Exteriores do Parlamento russo, escreveu em
sua conta no Twitter que “'em vez de lutar na Terra, as pessoas deveriam
criar um sistema conjunto de defesa dos asteroides”.
A opinião é compartilhada pelo presidente russo, Vladimir Putin.
Segundo a agência de notícias "France Presse", o presidente convocou os
Estados Unidos a se unir ao país e à China para criar um sistema de
defesa contra asteroides.
Nesta semana, pela primeira vez um grupo de trabalho das Nações Unidas propôs um plano de coordenação internacional para detectar asteroides potencialmente perigosos e, em caso de risco para a Terra, preparar uma missão espacial com capacidade para desviar sua trajetória.
Nesta semana, pela primeira vez um grupo de trabalho das Nações Unidas propôs um plano de coordenação internacional para detectar asteroides potencialmente perigosos e, em caso de risco para a Terra, preparar uma missão espacial com capacidade para desviar sua trajetória.
"O risco de que um asteroide se choque contra a Terra é extremamente
pequeno, mas, em função do tamanho do asteroide e do local do impacto,
as consequências podem ser catastróficas", indica um relatório entregue
esta semana aos estados-membros pelo Escritório da ONU para o Espaço
Exterior (Unoosa, na sigla em inglês).
O relatório de 15 páginas foi elaborado por um grupo de trabalho criado
em 2007, em Viena, na Áustria. Atualmente são conhecidos cerca de 20
mil asteroides próximos à Terra, dos quais aproximadamente 300 são
potencialmente perigosos, explica o diretor do grupo de trabalho que
redigiu o documento, o mexicano Sergio Camacho.
Até 2020, o analista prevê que serão detectados até meio milhão de
asteroides próximos a nosso planeta, graças à melhora da tecnologia de
localização. "São objetos que estão aí, mas não sabemos onde estão",
ressalta.
Fonte: G1
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